Construtivismo - Expanção da Ciência!

Caríssimos Leitores,

Escolhi um texto do Profº Becker que está disponível gratuitamente na internet, no formato “.pdf”. O texto fala sobre Construtivimo. Não se tem como falar deste assunto sem mencionarmos Jean Piaget. Ele graduou-se primeiramente em Biologia, mas se destacou no campo da Psicologia, com a sua “Teoria Cognitiva”, onde demonstra que existem quatro estágios de desenvolvimento cognitivo no ser humano.

Além de Piaget, existem outras “personalidades” no campo construtivista, entre eles, temos o psicólogo bielo-russo Lev Semenovitch Vygotsky. Mas sobre ele falarei em outro texto no futuro.

Desejo que gostem do texto. Boa leitura!

Abraço,

Flávio Nunes, M.V. Esp.
E-mail: medvetfisio@gmail.com

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Construtivismo: Ferramenta para expandir a arte de pensar e fazer ciência!

Flávio S. Nunes


Chamamos Construtivismo a idéia de que nada está pronto, acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado como algo terminado. É sim constituído pela interação do individuo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo das relações sociais, e se constitui por força de sua ação e adaptação.

Construtivismo é, portanto, uma idéia, ou melhor, uma teoria, um modo de ser do conhecimento ou um movimento do pensamento que emerge do avanço das ciências e da filosofia dos últimos séculos. Uma teoria que nos permite interpretar o mundo em que vivemos e que nos permite (re)interpretar práticas, métodos, técnicas de ensino, formas de aprendizagem, etc...; jogando-nos para dentro do movimento da História – da Humanidade e do Universo.

Um grande construtivista foi Jean Piaget. Biólogo por formação, posteriormente aprofundou seus estudos em Zoologia, Filosofia, Epistemologia e Psicologia. Piaget foi considerado por muitos autores de psicologia como o “Einstein da Psicologia”.

Para Piaget, a aprendizagem é um processo que começa no nascimento e acaba na morte. A aprendizagem dá-se através do equilíbrio entre a assimilação e a acomodação, resultando em adaptação. Segundo esta formulação, o ser humano assimila os dados que obtém do exterior, mas uma vez que já tem uma estrutura mental que não está "vazia", precisa adaptar esses dados à estrutura mental já existente. Uma vez que os dados são adaptados a si, dá-se a acomodação. Para Piaget, o homem é o ser mais adaptável do mundo. Este esquema revela que nenhum conhecimento nos chega do exterior sem que sofra alguma alteração pela nossa parte. Ou seja, tudo o que aprendemos é influenciado por aquilo que já tínhamos aprendido.

No campo relacionado ao Ensino/Aprendizagem, falemos um pouco sobre a matéria-prima do professor: o conhecimento. Um bom professor conhece uma ou mais áreas de conhecimento. Ao ser perguntado sobre a natureza desse conhecimento, reage, em alguns casos, espantado; porque a pergunta é inusitada. O professor ensina conhecimento, mas ao ser perguntado sobre o conhecimento, espanta-se como se a pergunta não fizesse sentido ou fosse descabida. Ao responder sobre "o que é o conhecimento", responde ao nível do senso comum, isto é, como qualquer pessoa que utiliza sua inteligência para resolver problemas do cotidiano. Isto acontece com professores de pré-escola, de 1º e 2°-graus e, do mesmo modo, com professores universitários, incluindo os de pós-graduação lato e stricto sensu.

Se a concepção de conhecimento do professor, a sua epistemologia – na maioria das vezes inconsciente – for Empirista, ele tenderá a seguir um determinado caminho didático-pedagógico. Ele ensinará a teoria e exigirá que seu aluno a aplique à prática, como se a teoria originariamente nada tivesse a ver com práticas anteriores, e a prática não sofresse nenhuma interferência da teoria que a precedeu. Exigirá, ainda que seu aluno repita, inúmeras vezes, a teoria, até memorizá-la, pois para elem, o aluno é como uma “tábua rasa”, “folha de papel em branco”, um "nada" em termos de conhecimento. Essa memorização consistirá, necessariamente, num empobrecimento da teoria, além de impedir que algo novo se constitua. É assim que funciona a quase totalidade de nossas salas de aula.

Se a epistemologia do professor for Apriorista, ele tenderá a subestimar o tremendo poder de determinação que as estruturas sociais, em particular a linguagem, têm sobre o indivíduo. Conceberá esse indivíduo como um semideus que já trazem si toda a sabedoria ou, pelo menos, o seu embrião. É claro que, inconscientemente(?), aceitará que só certos estratos sociais tenham tal privilégio: os não-índios, os não-negros, os não-pobres etc. Um ensino determinado por tais pressupostos tenderá a subestimar o papel do professor, o papel do conhecimento organizado etc., pois o aluno já traz em si o saber.

No entanto, se o professor conceber o conhecimento do ponto de vista Construtivista, ele procurará conhecer o aluno como uma síntese individual da interação desse sujeito com o seu meio cultural (político, econômico etc.); portanto não há “tábua rasa”. Há uma riquíssima bagagem hereditária, produto de milhões de anos de evolução, interagindo com uma cultura, produto de milhares de anos de civilização. Segundo Piaget, como já vimos anteriormente, o aluno é um sujeito cultural ativo cuja ação tem dupla dimensão: assimiladora e acomodadora. Pela dimensão assimiladora ele produz transformações no mundo objetivo, enquanto pela dimensão acomodadora produz transformações em si mesmo, no mundo subjetivo. Assimilação e acomodação constituem as duas faces, complementares entre si, de todas as suas ações.

Conforme observamos, esses dados e essas reflexões epistemológicas sugerem um caminho didático para a formação de professores: o docente precisa refletir, primeiramente, sobre a prática pedagógica da qual é sujeito, em seguida apropriar-se-á da teoria capaz de desmontar a prática conservadora e apontar para as construções futuras.

Diz Piaget em sua obra-prima “Nascimento da Inteligência na Criança” (Pág. 386 e 389): "As relações entre o sujeito e o seu meio consistem numa interação radical, de modo tal que a consciência não começa pelo conhecimento dos objetos nem pelo da atividade do sujeito, mas por um estado indiferenciado; e é desse estado que derivam dois movimentos complementares, um de incorporação das coisas ao sujeito, o outro de acomodação às próprias coisas". E, sobre o problema da construção do novo, diz: "A organização de que a atividade assimiladora é testemunha é, essencialmente, construção e, assim, é de fato invenção, desde o principio". Isto é, a novidade emerge da própria natureza do processo de desenvolvimento do conhecimento humano. Para que ela não ocorra basta obstruir esse processo.

Construtivismo é portanto esta forma de conceber o conhecimento: sua gênese e seu desenvolvimento - e, por conseqüência, um novo modo de ver o universo, a vida e o mundo das relações socioambientais.


Referências Bibliográficas:

Jean Piaget: http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Piaget

Texto do Profº Fernando Becker: Professor de Psicologia da Educação da Faculdade de Educação de Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Doutor em Psicologia Escolar pela Universidade de São Paulo, Coordenador do Programe de Pós-graduação em Educação da UFRGS.

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